Tansagem
Tansagem

 

Desde já, faz-se necessário lembrar que toda e qualquer planta medicinal deve ser utilizada com responsabilidade sob orientações seguras, tanto no que diz respeito ao objetivo quanto no método aplicado. Isto é, ter conhecimento sobre as propriedades voltadas para o tratamento desejado e a maneira adequada do uso (quantidade e periodicidade), sem desprezar as contraindicações.

No caso da tansagem, não é aconselhável ser utilizada no período da gestação e amamentação, ainda, por pessoas que passam por algum processo preocupante no organismo onde haja a possibilidade de reação adversa. Sobretudo, em qualquer situação, o correto é não deixar as consultas, exames e/ou diagnósticos fundamentais para a terapêutica e cura objetivada.

Dessa forma, o consumo prudente da referida planta medicinal irá auxiliar significativamente no tratamento e manutenção da saúde, ainda que não seja na totalidade, porém, com resultados eficazes como os inúmeros já verificados ao longo dos anos através de experiências, vivências e da própria ciência.

Assim, pode-se garantir a utilização saudável da mesma, popularmente conhecida como tansagem, tanchagem, tranchagem ou plantagem, classificada como Plantago major da família Plantaginaceae, como afirmam Lorenzi (2000) e Mattos (1996). Conforme os Autores, a referida planta originou-se no continente europeu, mas tem sido cultivada e utilizada pelo mundo.

Conforme Reis (2024), a tansagem é uma planta medicinal que pode ser usada para auxiliar no tratamento de gripes, resfriados e inflamações, principalmente das vias aéreas e tubo digestivo, além de prevenir o aparecimento de úlceras, diarreia e a ajudar a controlar o açúcar no sangue. Os benefícios são devido ao fato da tansagem ser rica em flavonoides, alcaloides, terpenoides, iridoides, mucilagenos e outros compostos que possuem propriedades antibacterianas, antivirais e anti inflamatórias.

Segundo Holetz et al. (2002), as folhas da referida panc têm sido tradicionalmente empregadas em usos medicinais por possuírem propriedades anti bacterianas, entre outras. Para Samuelsen (2000), elas são utilizadas para o tratamento de doenças cutâneas, infecciosas, digestivas e respiratórias, no combate a tumores, no alívio da dor, redução de febres e como adstringente, purgativa e cicatrizante.

De acordo com Xavier (2023), além das propriedades antimicrobianas e também anti inflamatórias, a tansagem possui uma ação anticancerígena, é desintoxicante, descongestionante, expectorante, analgésica, depurativa, diurética e antiespasmódica. Ainda, por ser rica em antioxidantes, principalmente, os fenólicos e flavonoides, evita os danos causados pelos radicais livres ao passo que previne o envelhecimento precoce e o câncer, somado aos benefícios nutricionais.

Sobretudo, apesar de ser classificada como uma Planta Alimentícia Não Convencional - PANC, a mesma possui propriedades medicinais (como as citadas, entre outras) as quais justificam um consumo moderado, ou seja, sem exagerar nos preparos alimentares, principalmente, crua em pratos e sucos. Ou seja, faz-se necessário ter bastante cuidado com as sugestões de receitas disponíveis na web.

Vale lembrar que ela está entre as cultivadas em hortas caseiras, comunitárias, jardins medicinais e espaços terapêuticos, e tem servido para tratar problemas de saúde comumente presentes em contextos populacionais ao longo dos anos, de acordo os resultados apresentados por diversos estudos disponíveis.

Conforme Martins et al. (1998), a tansagem é considerada uma hortaliça em potencial, por ser rica em fósforo, cálcio e vitaminas A e C, todavia, quase não inserida na alimentação. Segundo Whitfield et al. (1996), a mesma diz respeito a uma planta perene e herbácea que cresce espontaneamente em jardins, hortas, pomares, gramados, etc.

Também podem encontradas em feiras livres, casas de plantas, canteiros e hortas comunitárias, em pequenos vendedores que cultivam de forma orgânica sob orientações agroecológicas e até mesmo, em lojas e farmácias, nas prateleiras de produtos naturais. Neste caso, a venda se refere às sementes e folhas desidratadas.

No tocante ao aspecto comercial, a oferta e a procura estão concentradas - geralmente - nas folhas e sementes por serem comestíveis e medicinais, como tem sido explanado no decorrer do conteúdo. Ressalte-se que, apesar da disponibilidade no mercado formal sob embalagens e rótulos diversos, é mais seguro adquirir natural através do cultivo agroecológico.

Por vezes, existem vizinhos e/ou conhecidos que cultivam para consumo próprio com dedicação, amor e cuidado, mas que podem vender ou trocar o excedente, de maneira simples e viável para as partes envolvidas, como no tempo do escambo, quando o lucro não prevalecia, mas sim, a vida.

Ademais, é prudente ressaltar que, apesar das informações confiáveis oriundas de estudos científicos, não devemos utilizar qualquer tipo de planta medicinal sem as devidas orientações, além de não desprezar as consultas médicas e os desdobramentos, isto é, exames e tratamentos. Portanto, vale pesquisar, procurar informações e/ou orientações seguras e, se for o caso, utilizar a valiosa panc/tansagem de forma responsável, saudável e prazerosa.

Contudo, compreender que lidar com plantas é uma prática milenar que favorece à saúde e o bem-estar, seja no âmbito da jardinagem, canteiros ou pomares. Melhor ainda quando a labuta é exercida de forma correta com plantas do seu gosto, entre elas, as comestíveis e/ou medicinais com a finalidade de consumo de acordo as orientações seguras em cada caso.

 

REFERÊNCIAS:

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. 3. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2000.

MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M. de; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J. E. Plantas medicinais Viçosa: UFV, 1998.

MATTOS, J. K. A. Plantas medicinais: aspectos agronômicos. Brasília, DF: Gráfica Gutenberg, 1996.

HOLETZ, F. B.; PESSINI, G. L.; SANCHES, N. R.; CORTEZ, D. A. G.; NAKAMURA, C. V.; DIAS FILHO, B. P. Screening of some plants used in the Brazilian folk medicine for the treatment of infectious diseases. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 97, n. 7, 2002.

REIS, Manuel. Tanchagem: para que serve e como usar. WEB, 2024. (Pós-Graduado em Fitoterapia Clínica e Graduado em Enfermagem).

SAMUELSEN, A. B. The traditional uses, chemical constituents and biological activities of Plantago major L.: a review. Journal of Ethnopharmacology, v. 71, 2000.

XAVIER, Ângela. Tanchagem: antibiótico, anti inflamatório, anti colesterol. WEB, 2023. (Pós-Graduada em Nutrição e Graduada em Farmácia/Bioquímica).

WHITFIELD, C. P.; DAVISON, A. W.; ASHENDEN, T. W. Interactive effects of ozone and soil volume on Plantago major New Phytologist, v. 134, n. 2, 1996.

 

TEXTO E IMAGENS:

MACÊDO, Antônio César Dias de. Tansagem. Saúde Coletiva e Meio Ambiente. Caderno Eletrônico. CDC CANAL SOCIAL,     2024.

 

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