AGROECOLOGIA É VIDA: aspectos fundamentais
No sentido amplo, os ensinamentos oriundos da agroecologia constituem um arcabouço de métodos e atividades que tem sido utilizado ao longo da história, especialmente, na agricultura familiar e atividades afins onde tem prevalecido o trabalho artesanal desempenhado por pequenos, porém, indispensáveis agricultores/as.
Conforme Rapozo (2018), os saberes agroecológicos são conhecimentos e grande legado deixados e transmitidos pelos povos e comunidades tradicionais, isto é, as práticas agroecológicas são tão antigas quanto à própria agricultura, geralmente pautadas pelas experiências, erros e acertos vivenciados por agricultores/as em tempos históricos distintos.
A esse conjunto de saberes tem sido acrescentado - no decorrer dos anos - novas estratégias e tecnologias desenvolvidas com o apoio da ciência, além dos aspectos conceituais, teóricos e/ou paradigmáticos os quais têm apresentado importante evolução na atualidade.
Para Ferraz (2021), a agroecologia é uma ciência de caráter multidisciplinar cujo seus conhecimentos contribuem na construção da agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias do desenvolvimento rural, sob as orientações da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional.
De acordo com o Projeto Raízes do Campo (2023), a agroecologia traduz um modelo agrícola comprometido com a produção de alimentos, que integra princípios ecológicos com o objetivo de alcançar a sustentabilidade social e econômica, em harmonia com o meio ambiente.
Logo, pode-se constatar que a agroecologia tem se apresentado de forma mais complexa, onde o suporte científico tem contribuído para o desenvolvimento das estratégias e técnicas tradicionais, bem como, para a ampliação de modos e comportamentos relacionados ao tema que favorecem o alcance de bons resultados sem agredir o meio ambiente e a saúde coletiva.
Vale ressaltar que os ensinamentos oriundos da referida ciência podem ser utilizados desde a produção agrícola à confecção de produtos diversos a partir de técnicas sustentáveis e materiais reaproveitáveis, entre outras atividades necessárias na vida cotidiana.
Nesse processo, deve-se incluir as formas organizacionais familiar e comunitária voltadas para o desenvolvimento sustentável, onde prevaleça a ética, a justiça social e o diálogo entre os saberes - popular e científico - no sentido de assegurar bons resultados relacionados aos aspectos fundamentais.
Portanto, a agroecologia vai além do modo de cultivo (plantar - cuidar - colher), ainda que esta atividade seja a sua essência, bem como, a mais desenvolvida. A referida ciência é constituída por paradigmas que fundamentam um estilo de vida saudável cujo engloba ações voltadas para a recuperação do meio ambiente integrado ao desenvolvimento humano, social e econômico.
Nesse sentido, incluem-se o consumo consciente e o manejo do lixo (controle, organização e descarte), além das ações realizadas através de coletas voluntárias e campanhas socioeducativas, como a Campanha Somar para Melhorar, que propõe o diálogo entre a população e a gestão pública, entre outras atividades fundamentais para a educação em saúde no cotidiano.
Ações como estas colaboram diretamente para fortalecer alguns elementos da agroecologia, como: a reciclagem, os valores humanos e sociais e a governança responsável, bem como, indiretamente, os demais. Segundo a FAO (2018), os 10 elementos da agroecologia são os seguintes: diversidade, co-criação e compartilhamento de conhecimento, sinergias, eficiência, reciclagem, resiliência, valores humanos e sociais, cultura e tradições alimentares, governança responsável e economia circular e solidária.
Isso comprova o quanto a agroecologia é complexa, pois, além de envolver as técnicas tradicionais de cultivo, considera outras ações como fundamentais, até porque, a saúde ambiental depende do envolvimento das pessoas, entidades e da própria sociedade como todo, a partir de concepções e práticas viáveis.
Conforme Guzmán apud Ferraz (2021), a agroecologia constitui o campo do conhecimento que promove o manejo ecológico através de formas de ação social coletiva que apresentam alternativas à atual crise da modernidade, mediante propostas do desenvolvimento participativo.
Para tanto, além do uso por famílias agricultoras, cooperativas e pessoas em contextos distintos, o acervo agroecológico tem sido veiculado através de projetos e campanhas em parcerias com entidades de caráter público, privado e do terceiro setor, bem como, com o apoio de uma parcela da população.
A referida dinâmica envolve, principalmente, as comunidades rurais, entretanto, tem sido expandida para o cenário urbano nas cidades de tamanhos diversos pelo país sob a justificativa da evolução socioeconômica de forma sustentável, além de otimizar a recuperação do solo e ampliar a cultura alimentar.
De acordo com o Projeto Raízes do Campo (2023), a agroecologia resgata conhecimentos tradicionais e, ao mesmo tempo, avança tecnicamente para produzir alimentos de forma mais harmoniosa com a ecologia, além de priorizar os recursos naturais e o bem-estar social.
Segundo Ferraz (2021), a agroecologia possibilita um modelo de agricultura capaz de propiciar a produção de alimentos com a preservação ambiental, diferente da produção industrial, que prejudica o meio ambiente e a própria sociedade, inclusive, por se tratar de um método excludente.
Logo, tem sido crescente o número de pessoas e entidades que fomentam saberes e ações através de movimentos classificados como agroecológicos e agroflorestais. Todos com características e finalidades voltadas para o desenvolvimento sustentável em comunidade e/ou sociedade.
Portanto, é preciso reconhecer a importância do trabalho realizado por pessoas, famílias e entidades no tocante ao modelo de produção alimentar e derivados que considera a recuperação e preservação do meio ambiente e da saúde coletiva, assim, poderemos alcançar um cotidiano justo e sustentável.
Contudo, faz-se necessário que cada um de nós exerça as atribuições diárias de maneira consciente, desde o consumo ao reaproveitamento e/ou descarte dos resíduos, sem desprezar as outras atividades inerentes à nossa vida, dentro e fora de casa. Nesse contexto, destacam-se os jardins medicinais, os quintais agroecológicos e os sistemas agroflorestais, que são fundamentais na produção de ervas e alimentos de forma saudável e diversificada.
REFERÊNCIAS:
FERRAZ, José Maria G. Agroecologia. Agricultura e Meio Ambiente. Portal Embrapa, 22 DEZ 2021.
LEGNAIOLI, Stella. Agroecologia: o que é e características. eCycle, WEB, SD.
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Os 10 elementos da agroecologia. II Simpósio Internacional sobre Agroecologia. Roma, 3-5 ABR 2018.
Projeto Raízes do Campo. Agroecologia: o que é, características e importância. Raízes do Campo, WEB, 2023.
RAPOZO, Bruna Maria da Silva. Quintais agroecológicos e soberania alimentar na agricultura camponesa do sertão do Pajeú, Pernambuco. Revista Política e Planejamento Regional, v. 5, n. 2. Rio de Janeiro, maio a agosto de 2018.
TEXTO E SLIDES:
MACÊDO, Antônio César Dias de. Agroecologia é vida: aspectos fundamentais. Saúde Coletiva e Meio Ambiente. Textos. < antoniocesardm.com > 17 DEZ 2024.
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